Capítulo 14 – “Claro, eu devia ter
desconfiado”
Livro 3 –
Adriana
Uns tempos depois da minha discussão com a Numi, tudo parecia
voltar ao normal. O Benji e a Sni estavam juntos e muito felizes, enquanto a
Numi me continuava a culpar por tudo o que tinha acontecido. Eu dissera-lhe que
fora obra do destino, mas ela não acreditou e ameaçou-me, que mais tarde ou
mais cedo eu iria pagá-las.
Estava um belo dia de Inverno. A neve caía lá fora. As ruas
estavam todas iluminadas, pois estava a chegar a altura do Natal.
Acordei com o cheiro a panquecas. Era o aniversário da Beatriz
e tínhamos combinado entre nós fazer-lhe uma surpresa. Como todos sabíamos que
ela era bastante dorminhoca, decidimos aparecer em casa dela e fazer-lhe uma
surpresa. Claro que tínhamos falado com a Carolina primeiro. Ela não gostou
muito da ideia, devido há uns tempos atrás a Beatriz não ter avisado a irmã da
festa que organizara. Mas, como eram os seus anos, a Carolina lá concordou.
Quando cheguei a casa da Bia, deparei-me com o resto do
pessoal à porta.
- Bom dia – disse.
- Bom dia, luz da minha vida – disse o Tobi. E beijou-me.
- Ouçam lá – disse o Bruce – mas será que vocês não podem
deixar isso para outra altura? Estamos a meio de uma surpresa!
- Ok, ok – retorquiu o Tobi.
Instantes depois, a Carolina abriu-nos a porta.
- Entrem, mas não façam barulho. Eu acho que ela já acordou.
Subimos todos as escadas devagarinho e sem fazer barulho, cada
um com os seus alimentos na mão. Tínhamos dividido os comes e bebes por todos.
Assim que chegámos ao quarto da Bia, ouvimos uma voz, que
parecia triste.
- Ninguém se vai lembrar que hoje é o meu aniversário –
lamentava-se a Beatriz – nunca ninguém se lembra.
Ela vestiu o roupão e saiu do quarto. Assim que abriu a porta.
Nós gritámos: SURPRESA!
Ao princípio, ela assustou-se, mas depois percebeu do que se
tratava e ficou muito feliz.
- Meu deus, não era preciso – disse ela, super feliz.
- Como não era preciso? – perguntei, em tom irónico – se tu
fazes anos temos de festejar logo desde a manhã!
Fomos até à cozinha e sentámo-nos nas cadeiras que rodeavam a
mesa. A cozinha de Beatriz e Carolina era elegante. Eletrodomésticos de alta
tecnologia, uma pintura simples mas refinada e as mesas de madeira simples, mas
que davam um toque simpático ao resto da divisão.
- Então pessoal – disse a Beatriz – já que hoje faço anos, o
que acham se depois do almoço fosse-mos ao cinema?
- Ah, brilhante ideia! – exclamou o Bruce.
- Ok, então fica combinado encontramo-nos às duas aqui em
minha casa.
Umas horas depois estávamos todos reunidos de novo em frente
da casa de Beatriz.
- Então? Vamos ou não? – perguntou o Bruce, impaciente.
- Sim, vamos! Estreou um filme novo que deve ser muito fixe.
10 minutos depois estávamos nós a chegar ao cinema.
Quando estávamos para entrar, alguém puxou o braço à Beatriz.
- Bia…
- Numi?
- Sim…só queria desejar-te um feliz aniversário. E saber se
poderíamos ser amigas outra vez.
- Sim, claro…por mim na boa. E obrigada.
- De nada.
Fomos ver o filme. Chamava-se “como se livrar de um estúpido
dragão em apenas 5 dias”. Era um filme que misturava comédia com fantasia.
Quando saímos do cinema fomos para o campo de futebol, para
estarmos um pouco entre amigos. Passamos a passadeira, excepto a Snizhana que tinha
ido à casa-de-banho. Quando passei a passadeira ouvi um estrondo e o chiar de
um carro. Assustada, virei-me para trás. Estava uma pessoa no chão, ferida,
pois acabara de ser atropelada. Quando olhei bem para ela para ver quem era, é
que eu percebi.
- Não…não pode ser…
Era a Snizhana que estava ali, estendida no meio do chão e
gravemente ferida. Olhei para o carro que se afastava e reconheci a matrícula.
Numi.
Numi tinha atropelado Snizhana.
Jurei por deus que aquela miúda iria pagá-las.