FanFic “One Shoot” – Episódio 3: “A guerra dos casamentos”
Estava no meu
quarto a ouvir música quando a minha mãe me chama. Desliguei o MP3 e fui até à
cozinha.
- O que se passa?
– Perguntei.
- Uma catástrofe,
é isso que se passa – Respondeu a minha mãe – Fomos convidados para dois
casamentos.
- E qual é o
problema?
- São os dois no
mesmo dia!
Ok, isso era
capaz de ser um problema. Os dois casamentos eram de duas das minhas quatro
tias maternas: a tia Alice e a tia Graça. Elas nunca se deram bem, estavam
sempre às turras uma com a outra, segundo o que a minha mãe me contou.
Discutiam por tudo e por nada, por bonecas, livros ou até mesmo pela atenção da
mãe. Eram gémeas falsas, notava-se bem porque elas até nem eram muito
parecidas. A tia Alice era loira de cabelos compridos e a tia Graça morena de
cabelos curtos. Apenas os olhos eram da mesma cor: castanhos.
Mesmo assim,
achei estranho elas casarem-se ambas no mesmo dia. Quero dizer, elas eram muito
competitivas, mas utilizarem o seu próprio casamento, que deve ser o momento
mais feliz da vida de uma mulher, para ver quem ganha a competição, já é
exagerar.
- Mãe, eu vou à
igreja falar com o padre – Disse – Ele deve saber algo sobre esta história.
- Sim, minha
filha, vai lá – Disse a minha mãe.
Fui até à igreja
e facilmente encontrei o padre António, que me explicou que ambas tentaram
marcar o casamento no mesmo dia naquela igreja, e que se envolveram numa guerra
verbal e que quem acabou por vencer foi a tia Alice. Por conseguinte, a tia
Graça marcou o seu casamento na igreja do município ao lado, e no mesmo dia.
Elas queriam provar uma á outra quem era a melhor, e quem tivesse mais
convidados no seu casamento, vencia.
De regresso a
casa, encontrei a minha mãe aos berros com a tia Alice e a tia Graça. Pelos vistos,
elas tinham ido lá a casa tentar convencer a minha mãe a ir a só um dos
casamentos, mas os argumentos delas não estavam a funcionar com a minha mãe. Ela
queria ir a ambos os casamentos, e estava a tentar convencer a tia Graça a
mudar a data do seu casamento, mas ela recusava-se. Se mudasse a data, seria
como ser derrotada pela irmã. E isso nunca.
Ou seja, os
casamentos continuaram ambos marcados para o mesmo dia.
Chegado o tão
esperado dia, a minha mãe estava uma pilha de nervos. Tinha arranjado uma
maneira de estar em ambos os casamentos: de manhã, ficava com a tia Alice e
almoçava com ela; à tarde, ia para o casamento da tia Graça. E eu? Bem, eu
preferi ficar em casa. Não sou muito dada a festas, e não estava com paciência
nenhuma de andar de um lado para outro entre os dois casamentos. Por isso,
inventei que estava doente e consegui convencer a minha mãe a deixar-me ficar
em casa. Assim que os meus pais saíram, levantei-me da cama e liguei o rádio
aos altos berros, já os meus pais iam longe. Para o almoço, encomendei uma
pizza gigante e sentei-me no sofá. À tarde, fui ao cinema com as minhas amigas.
Já eram oito e meia quando regressei a casa. Os meus pais ainda não tinham
chegado, por isso, fiquei a ver televisão. Assim que ouvi o carro deles a
aproximar-se, desliguei a televisão e enfiei-me na cama, fingindo estar a
dormir. Apesar de não gostar de festas, estava mortinha por saber como tinham
sido os casamentos. Mas isso teria de esperar para o dia seguinte, quando eu
pudesse dizer aos meus pais que me sentia melhor e que já podia falar sem
vomitar a cada cinco minutos.
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